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As últimas semanas vêm sendo bastante complexas para o cenário econômico. Os formuladores de políticas econômicas têm de ficar cada vez mais conectados com os fatos para não errarem em suas decisões.
Lá fora, aproxima-se o dia da posse, nos Estados Unidos, do presidente eleito Donald Trump e avolumam-se as especulações sobre os aumentos de tarifas sobre China, Canadá e México. Trump vai sofrer pressão de empresas como a Apple, que terá muitos problemas com as importações de peças da China. De qualquer jeito, apenas a ameaça já gera distúrbios nos mercados, que imaginam o efeito inflacionário dessas medidas. Assim, o dólar se fortalece no mundo, pela expectativa de juros maiores dos treasuries do país, no futuro. Não bastasse isso, aumenta a probabilidade de o Federal Reserve (FED), o banco central norte-americano, diminuir, ou mesmo encerrar, o ciclo de queda dos juros.
Por outro lado, a possibilidade de alta das tarifas parece afetar a economia chinesa, já combalida. Segundo um estudo do JP Morgan na Ásia, se concretizadas as promessas do próximo presidente dos Estados Unidos, a previsão de crescimento do PIB do gigante asiático passa para 3,9%, muito longe da meta informal de 5% do governo chinês. Esse fator também traz especulações sobre como a China deve agir em termos de incentivos econômicos em massa para que a economia volte para a meta.
Todo esse processo, é a aposta no gradualismo do FED e nas políticas inflacionárias do governo Trump, vem mantendo a força do dólar no mundo e empurrando para os mercados em desenvolvimento um processo de desvalorização contínua de suas moedas, gerando pressão inflacionária.
No Brasil, o nervosismo sobre o pacote fiscal, e os números ruins da inflação do IPCA-15, de novembro, que registrou alta de 0,62%, refletem-se na alta do dólar e na saída de capitais financeiros. Boa parte do mercado já espera que o Banco Central tenha que aumentar a taxa de juros em 0,75 p.p. na próxima reunião, devido à deterioração dos números correntes e, principalmente, à expectativa de inflação futura.
É claro que todo esse cenário pode mudar caso o presidente Trump, assim como o presidente argentino Javier Milei, seja diferente do Trump candidato. A escolha de Scott Bessent, para o Tesouro, mostra-se mais moderada para Trump, ávido por baixa de impostos e alta de tarifas, mas o republicano é imprevisível. No Brasil, o excesso de demanda, causada por uma gigantesca expansão fiscal, pede cautela com os juros e rigidez no controle fiscal.
O cenário mundial é complexo e imprime uma pequena margem de erro aos formuladores de políticas econômicas dos países em desenvolvimento. A complexidade eleva o nível dos desafios que virão a partir de agora, e pressionam os que elaboram essas políticas a serem muito rígidos em sua conduta. Não há espaço para derrapadas.
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